abismo de rosas

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007.





ABISMO DE ROSAS
Ao amor em vão fugir
procurei, pois tu
breve me fizeste ouvir
tua voz mentirosa, deliciosa...
E, hoje, é meu ideal
um abismo de rosas
onde, a sonhar, eu devo,
enfim, sofrer e amar!
Mas, hoje, que importa
se tu'alma é fria?
Meu coração se conforta
na tua própria ironia!
Se há no meu rosto
Um rir de ventura,
que importa o mudo desgosto
de minha dor, assim,
sem fim?
Se minha esperança
o que não se alcança
sonhou buscar,
deve calar
hoje o meu sofrer
e jamais dele te dizer.

O amor que é puro
suporta obscuro,
quase a sorrir,
a dor de ver
a mais linda ilusão morrer.
Humilde, bem vês que vou
a teus pés levar
meu coração, que jurou
sempre ser amigo e dedicado.
Tenha embora que viver
neste sonho enganado,
jamais direi
que assim vivi
porque te amei!

(Américo Jacomino)

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